Texto de uma Amiga que conquistei em mundo dificil que é o universitario. E que a alguns meses iremos "separar" por não vermos com tanta frequencia nos corredores Ueceanos.
A Geografia se propõe a algo mais que descrever paisagens, pois a simples descrição não nos fornece elementos suficientes para uma compreensão global daquilo que pretendemos conhecer geograficamente. As paisagens que vemos são apenas manifestações aparentes das relações estabelecidas entre os muitos e variados integrantes do nosso planeta e até mesmo do Universo. E durante quatro longos anos vivemos (ou tentamos viver isso no cotidiano).
Se inicia o 4x4. Último ano dos quatro anos mais intensos da minha (ou seria nossas?) vida, onde tudo se “iniciou com a luta que o homem trava com a natureza”. (IVAN, 2008)
Conhecer a Geografia e os caminhos que ela nos possibilita foi (é) o mais simplório vivido e descoberto por nós, afinal, é a proposta do curso. Entender o espaço geográfico foi além da leitura, além da referência bibliográfica, além do campo. Conhecer esse espaço foi conhecer a nós e nos explorar na medida em que íamos explorando a ciência, na medida em que íamos lendo sobre seus fundamentos e colocávamos o pé na estrada começamos a reconhecer nossos próprios fundamentos, nossos limites (?) e estreitando nossos laços. Fortificamos amizades a cada manhã passada ao lado, dividindo humores, risos e abusos. Compartilhamos as dificuldades e fragilidades da - nossa querida e sucateada - UECE, lotações, areias, mares, serra, precipitações, leves turbulências, lindos e calorosos pôr de sóis. Um sol mais lindo que o outro. Em paralelo íamos devorando e explorando a Fortaleza, que sim, é muito bela, ao longo de várias, várias, aulas de campo. E como foram muitas, seu SANTOS!
Com um gosto de saudade e um ponto de precipitação digito essas simples linhas com o intuito de registrar um pouco da nossa história fora dos muros do Itaperi e de encontro às fronteiras do mundo.
A primeira fronteira e a mais marcante de todas foi nossa primeira viagem juntos: Crato. Cratim-de-Açúcar, onde tudo começou e onde vivemos a certeza que aqueles laços de amizades seriam selados pra toda uma vida. Não da pra esquecer meu primeiro (de muitos) bandeijão, ao lado do meu Tesouro, tomando suco de cor; da quase (graças a Deus) morte do Paulinho na linda Cachoeira da Morte do pulo do De Jah do alto da mesma cachoeira os pés da Chapada do Araripe. Das voltas que eu dei em torno da bengala do Pe. Cícero que resultou numa reconfiguração da minha vida (ainda tenho que voltar lá pra dá as voltas contrárias). Aos pés da Araripe que eu amei o Junior, o Paulo, a Cleide, o George, a Lai, o Leozim e tantos outros pela primeira vez. Foi aos pés da Araripe que nós enterramos (literalmente) um professor da URCA durante uma noite chuvosa com aventuras na cobertura, amanhecemos passeando de pijamas pela universidade, marchamos (vide bombeiros), tomamos café no Iguatemi do Crato e andamos de pau-de-arara. Isso sim é começar bem uma amizade. No retorno ao Fortaleza mais conhecimento foi construído. Mais mesas sociais foram encorpadas ao nosso cotidiano.
Graças a Geografia redescobrimos o Maciço de Baturité e vimos o pôr do sol mais colorido do mundo - no Lameirão – e degustamos a comidinha da D. Fátima (mãe da Coração). Em experiência pessoal descobri que depois de um fim de semana regado a vinho, uma dose de tequila (ainda bem que o Léo não tem facebook), e cerveja (muita cerveja), a culpa da ressaca é sempre do gelo. Descobri que o maciço tem muito cheiro de café e Mata Atlântica. Destaque especial pra Mulungu: uma cidade fashion com sua delegacia rosa, um cemitério no alto da serra com uma espécie de mirante. Vai entender...
E na medida em que a memória vem sendo refrescada vai batendo a saudade ...
Saudade de “se passar” na Cuesta da Ibiapaba, tomando cachada medicinal e dançando forró na Bardega do Didi pra esquentar o corpo e amenizar o frio. Dormir, acordar e botar o pé na estrada rumo aos 40ºC (na sombra) de Sete Cidades. De parar no meio da BR pra tirar foto. De ouvir a musica da Mineralogia e a paródia da Geografia. Licores e bondinho. Fiukeeeeeeeee!
E na volta aqueles lindos comentários, aqueles risos tão gostosos e a ânsia de viver mais momentos juntos. Mas, para nós, nada seria tão bom quanto aquela Ibiapaba.
Ai pensando que tudo já era muito bom e gostoso ... somos presenteados por um campo percorrendo todo o Litoral Leste e Canoa Quebrada! Que dias! Que noites! Que madrugadas! Que vinho! E o Casal! Aprendi que vinho combina demais com Zezé de Camargo e Luciano, Raça Negra e axé, mas não combina com subir escadas da Europa depois de uma noite na Broadway. Isso não é uma coisa muito inteligente. Um abraço especial pro Paulinho e pro Leandro Russo. Tememos os Viking e visitamos minha mansão na Foz do Jaguaribe exatamente ao lado do farol de Fortim. Plantamos uma floresta de limão, secamos a agua do mar até formar uma montanha de sal e abrimos um rio de tequila no Rio Grande do Norte.
Saltos meteoricos, paixões avassaladoras, desilusões, inicio e fim de ciclos até que chegamos ao Maranhão mostrando o que é que o cearense tem. Uma viagem única a começar pela ida (lembra, Lai, que eu acordei achando que estava a caminho do Crato?). Maranhão esse onde dançamos, brincamos, conhecemos, aprendemos e frequentamos lugares que nunca imaginamos (aquele bar derrubado, no qual a anã era dançarina). Fomos estrelas, minha gente! Nunca pensamos que nos sentiríamos tanto na Bahia como na Ilha do Amor e do reggae. Dias lindos! Conhecimento de pessoas massas desse Nordeste em nossas caminhadas até a Litorânea. No percurso até Lençóis pulando na jardineira e gravando vídeos pra Carla e cantando moda de criança em várias línguas enquanto todos dormiam. Andar por horas no deserto de sol forte, pra chegar a lagoa dos Lençóis e ... dormir. Sim, dormir. Eu e a Laiana dormimos sob uma sombra enquanto todos se maravilhavam com aquele mundão de areia. Saudade de ser conhecida no Nordeste todo como “Menina do Tesouro”. Saudade de ir pra cima e pra baixo com os baianos, saudade de dançar com os mesmos. Saudade. E do Maranhão nós levamos o desejo de conhecer Salvador. De ser da Bahia. De querer a Baêa.
Antes dela fizemos um campo extra-ordinário: Jericoacoara, minha gente! O que foi aquele nosso fim de semana? Sombra, água fresca, lagoa de aguas cristalinas e mais jardineira. Ficar acordado até às 3h da madrugada pra comer o melhor pão do mundo não tem preço “hohohohohohoho”. Abraçando o Darllan e sua esperteza. Como era gostoso acordar naquele lugar feio com a turma da Malhação e os Lost. (Aquele abraço pra essa turma do bem).
Mais dois meses e ... Ah! A Bahia! Com suas surpresas e engarrafamentos. O axé que nós tanto procurávamos não achamos, mas achamos sorrisos da Barra a Ondina. Achamos amores. Achamos Mamãe Oxum no Tororó. Reconhecemos a geografia da Copa do Mundo e o quanto às obras de mobilidade urbana se faz necessárias. Achamos o Pelô, a punhetinha e o Jorge. Ah! O Jorge, como é Amado. Mas faltou o tão desejado axé. O tão sonhado ensaio do Olodum nas ruas do Pelô. Faltou a Terça da Benção. Decidimos que SSA merece uma segunda chance e na volta deveremos levar redes e coisas pra fazer na madrugada.
Do ultimo campo pra cá são três meses. Já sinto falta das viagens forjadas: vide Jericoacoara. Já sinto falta das minhas brigas homéricas (ainda bem que o Léo não tem facebook – Parte 2). Falta das aulas tão bem assistidas e participativas no Corredor Central. Das tardes tão produtivas no LCDG vendo Almodóvar com o Alê, Haka com a Laiana. Rindo. Jogando conversa fora e pensando na arte ... pq nem só de Geografia se vive um geógrafo. Saudade de dançar forró no Elefante Branco. Da socialização com o Serviço Social, Ciências Sociais, Biológicas, MedVet, História, Pedagogia, Ed. Física e Adm. Saudade até do tio da tapioca e da Ueceana. Saudade de bater o ponto no Society. Saudade de comer farofa e jogar Uno na casa da Tia Mirmia. De feijoada noturna. Da comida do Roxael (xiitas me crucificando?). Das conversas com o Firmino e do orgulho imenso que eu tenho dele. Do Pepe. De olhar pro Ailton e ouvi-lo dizer o quanto eu sou enjoada. Dos abraços espremidos do jeito que só o Hangley sabe abraçar. Saudade de quando o Renato era nosso contemporâneo. Das frases desbocadas da Carla. Saudade do anexo do Bloco G e das vezes que os
professores nos mandavam calar. Saudade de ...
“Às vezes no silêncio da noite ... URUUUU! Aplausos!”
Saudade cheia de orgulho por ter vivido com vocês. De ter amado vocês. De amar vocês. Até da UECE eu já sinto falta. De Tete, de Gêmea, de Coração e Graveto.
Aprendemos a experimentar. Aprendemos a eliminar o preconceito de rock branco, rap verde, forró azul. É musica. É gente. E temos que aproveitar a vida e explorar os sentidos. De tudo levamos muito. Deixamos muito. Crescemos mais ainda. A certeza que temos é que além de conhecimento geográfico - e de licenciados - é que saímos da UECE mais humanos. Não meros professores de geografia. Saímos da UECE mais sensíveis às dificuldades sociais e inquietos com as desigualdades. Há quem vá dizer que não, mas depois desses quase quatro anos, é impossível sermos os mesmos. Impossível termos as mesmas visões e sermos menos politizados. Rumo à vida lá fora. Rumo a mais aventuras e que essas aventuras nos mantenham unidos, firmes e fortes na amizade. Obrigada pelos três mais lindos, felizes e intensos anos da minha vida. Obrigada por acompanharem minha evolução, minhas mudanças mais simples e meus rompimentos mais dolorosos. Obrigada pelas lágrimas secadas e compartilhadas. Pelos risos. Pelas cervejas.
Da UECE e dos anos de Geografia no Bloco G levamos uma bagagem intensa de experiências e conteúdo. Sairemos bons entendedores de Espaço, geomorfologia, questões urbanas e ambientais, de cerveja, Haka!, carnaúbas, vendedores de cosméticos, professores e divulgadores de saber. Transmissores de cultura útil e inútil adquirida entre aquelas paredes. Saímos de nossos armários pessoais (sem o Mário, pq esse nos deixaria lá pra sempre) e experimentamos sabores, danças, sons. Exploramos os cinco sentidos com toda a intensidade que nos foi proposta e em alguns momentos superando até mesmo nossas limitações humanas.
Fim de conversa e lá vamos nós às monografias, as últimas viagens como graduandos e as ultimas e esperadas horas/aulas com a droga de um N na titulação (temporal claro). E sim, amo vocês!
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
PESSOA,Nayana. Facebook, Notas.2012
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