Geografista

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Afinal, as ruas são para quem?

Por que eventos que atraem multidões são quase sempre vistos como um problema para Fortaleza? Longe de ser uma questão que dê conta de um tempo presente, a pergunta tenciona um dos dilemas de uma cidade que não para de crescer 

No fim de semana passado, os principais blocos de Pré-Carnaval da Praia de Iracema ameaçaram não sair às ruas. Segundo noticiado pelo O POVO na quinta-feira (26), os organizadores reclamavam do baixo efetivo de policiais militares e guardas municipais durante os cortejos. A precariedade na segurança favorecia assaltos, furtos, ataques a veículos, agressões e inclusive arrastões. A principal fonte dos tumultos seriam as gangues que se formavam em torno dos paredões de som, proibidos por lei municipal. “Temos medo de acontecer uma desgraça; morrer uma pessoa”, ponderou o vocalista do Unidos da Cachorra, Haroldo Guimarães.

Após reunião entre a Secretaria de Cultura de Fortaleza, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), o Comando de Policiamento da Capital e os representantes dos blocos, o possível boicote foi cancelado. A Polícia Militar comprometeu-se a aumentar o número de seus efetivos. A Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) prometeu ampliar de duas para três as equipes de fiscalização no trecho dos cortejos. “Agora a gente clama para que os foliões apareçam porque vai ser mais seguro”, comentou Tiago Nóbrega, da diretoria do Camaleões do Vila, para O POVO, na sexta-feira (27).

Não é a primeira vez que um evento cultural de multidões é ameaçado em Fortaleza. O Pré-Carnaval da Praça Martins Dourado (Pracinha do Papicu) não acontece este ano, após negociação entre moradores. Alguns blocos célebres foram extintos por atrair excesso de público, como é o caso do Quem é de Bem Fica, nos anos 1990. Outros mudaram de endereço. O Concentra, Mas Não Sai precisou transferir sua festa do Mercado dos Pinhões para a Praça do Ferreira por não conseguir controlar a contento a multidão de foliões.

Também é importante frisar que o Fortal foi proibido de ser realizado na avenida Beira Mar por decreto municipal, em 2004, que apontava inúmeros transtornos na área da micareta. A produção do Fortal conseguiu autorização do Supremo Tribunal de Justiça para sua realização nas proximidades do aterro da Praia de Iracema. No ano seguinte, o evento foi transferido para a Cidade Fortal, onde permanece com controle maior da segurança dos foliões.

Nos anos 1970, as procissões para Iemanjá cresceram tanto que cerca de 20 mil pessoas acompanhavam a manifestação. Na década seguinte, a festa se consolidou na Praia do Futuro, com a promessa de uma estátua em homenagem a Iemanjá, que nunca foi construída. Com o crescimento das comemorações à padroeira Nossa Senhora da Assunção no dia 15 de agosto, diminuíram as atenções à Festa de Iemanjá. “A multidão espontânea dos anos anteriores desaparece. A festa fica entregue à onda dos arrastões. O grande problema é a falta de segurança”, explica o antropólogo Ismael Pordeus Jr.

Os bailes funks que se fortaleceram em Fortaleza na década de 1990 foram proibidos em 2001 pela Polícia Civil, que identificava recorrentes confrontos entre gangues rivais. A interdição aconteceu na semana em que iria se apresentar na cidade o Bonde do Tigrão, um dos grupos de funk mais famosos da época. No caso dos estádios de futebol, a decisão recente pela torcida única no Clássico-Rei do Campeonato Cearense 2012 também reflete o temor da diretoria em relação à violência que as aglomerações de torcidas diferentes podem causar.

Mas será que multidão é sinônimo de instabilidade? Por que eventos que atraem milhares de pessoas são vistos quase sempre como um problema para Fortaleza?

ARTIGO PUBLICADO PELO JORNAL "O POVO" A RESPOSTA NA PROXIMA POSTAGEM.!

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/02/04/noticiasjornalvidaearte,2778128/o-problema-das-multidoes.shtml

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